Oscilação
forte
dos sentidos
do sentir
do pensar
do repensar
e principalmente do humor
"...a loucura fascina o homem. As imagens fantásticas que ela faz surgir não são aparências fugidias que logo desaparecem da superfície das coisas. Por um estranho paradoxo, aquilo que nasce do mais singular delírio já estava oculto, como um segredo, como uma inacessível verdade, nas entranhas da terra." Foucault
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
A traição da poesia
Como se eu tivesse muita coisa pra falar
tentei escrever
e tentei, e tentei
Caí na contradição das minhas ideias
e emudeci
talvez eu nem quisesse exteriorizar nada
talvez eu tivesse o nada em mente
ou tivesse o tudo de mais
e pensei, e pensei
olhei no relogio,
o tempo nao passava
olhei para as pessoas,
elas andavam
andavam como se estivessem concentradas
em uma coisa que eu não pertencia
pensei em coisas absurdamente lógicas
e perdi o fio da meada
continuei pensando e fazendo rabiscos,
desenhos sem sentidos no canto do papel
esperando que a poesia falasse comigo
ao menos mandasse um maldito sinal
e, como um pirata azarado da sorte,
-perdido-
que espera ansioso a terra firme
Tudo que eu obtive foi
- o nada -
Chorei por dentro
E acabei chegando a conclusão que essa conexão é muito injusto e egoísta
Como uma deusa da beleza escolhe
criteriosamente seus pretendentes
O telefone
Só toca de lá pra cá...
e de cá pra lá
é uma dádiva somente para os outros deuses.
#choraosruins
tentei escrever
e tentei, e tentei
Caí na contradição das minhas ideias
e emudeci
talvez eu nem quisesse exteriorizar nada
talvez eu tivesse o nada em mente
ou tivesse o tudo de mais
e pensei, e pensei
olhei no relogio,
o tempo nao passava
olhei para as pessoas,
elas andavam
andavam como se estivessem concentradas
em uma coisa que eu não pertencia
pensei em coisas absurdamente lógicas
e perdi o fio da meada
continuei pensando e fazendo rabiscos,
desenhos sem sentidos no canto do papel
esperando que a poesia falasse comigo
ao menos mandasse um maldito sinal
e, como um pirata azarado da sorte,
-perdido-
que espera ansioso a terra firme
Tudo que eu obtive foi
- o nada -
Chorei por dentro
E acabei chegando a conclusão que essa conexão é muito injusto e egoísta
Como uma deusa da beleza escolhe
criteriosamente seus pretendentes
O telefone
Só toca de lá pra cá...
e de cá pra lá
é uma dádiva somente para os outros deuses.
#choraosruins
Vergonha do ser/escrever
Escarrando palavras podres e fétidas
Percebo que poemas se formam...
Mas que verdadeiro caralho,
só saber escrever escórias.
Aí me dou conta que meu coração é o proprio vale das escumalhas...
e que realmente nada poderia ser diferente.
Percebo que poemas se formam...
Mas que verdadeiro caralho,
só saber escrever escórias.
Aí me dou conta que meu coração é o proprio vale das escumalhas...
e que realmente nada poderia ser diferente.
Poesia das Putas
Aquela ali é puta,
a da esquina é puta
a do primeiro banco, rezando o terço também
Aquela da saia curta, dos saltos altos, e do batom vermelho
com toda a minha certeza!
Uma admite, outra esconde,
e Lúcia, jura que não!
No fim todas são
Aquela diz que reserva suas vergonhas para um futuro promissor
Besteira!
A mais podre das mentiras!
Loiras, morenas, ruivas, brancas, negras, orientais
tudo puta!
E quantas Camilas, Jessicas, Larissas, Nathalias e Joanas...
E quantas putas!
E puta santa, puta safada, puta assumida, puta puta da puta que pariu.
Que cobram ou nao...
Gostam ou não...
E todas mulheres, todas meninas, todas princesas, todas marias...
Enfim, na amargura da loucura
Desejando serem desejadas
A ironia da velhice, e as pelancas, e a gordura...
E a carência depressiva...
E a morte da alegria -suicídio da alma
Tristeza parva,
E o mundo gira,
E outras putas surgem...
e as velhas sublimam, como se nunca tivessem existido
Para os homens, aqueles canalhas e cretinos...
Que sobrevivem e se alimentam dos seus instintos...
E tudo morre... e tudo passa...
Porque minhas historias
terminam sempre
com uma tragédia - verdadeira- e dramática.
a da esquina é puta
a do primeiro banco, rezando o terço também
Aquela da saia curta, dos saltos altos, e do batom vermelho
com toda a minha certeza!
Uma admite, outra esconde,
e Lúcia, jura que não!
No fim todas são
Aquela diz que reserva suas vergonhas para um futuro promissor
Besteira!
A mais podre das mentiras!
Loiras, morenas, ruivas, brancas, negras, orientais
tudo puta!
E quantas Camilas, Jessicas, Larissas, Nathalias e Joanas...
E quantas putas!
E puta santa, puta safada, puta assumida, puta puta da puta que pariu.
Que cobram ou nao...
Gostam ou não...
E todas mulheres, todas meninas, todas princesas, todas marias...
Enfim, na amargura da loucura
Desejando serem desejadas
A ironia da velhice, e as pelancas, e a gordura...
E a carência depressiva...
E a morte da alegria -suicídio da alma
Tristeza parva,
E o mundo gira,
E outras putas surgem...
e as velhas sublimam, como se nunca tivessem existido
Para os homens, aqueles canalhas e cretinos...
Que sobrevivem e se alimentam dos seus instintos...
E tudo morre... e tudo passa...
Porque minhas historias
terminam sempre
com uma tragédia - verdadeira- e dramática.
No fundo toda bosta ja foi uma comida gostosa...
"No fundo, toda bosta ja foi uma comida gostosa...
É uma lógica muito boa e faz bastante sentido. Mas para você ver como a gente que fode. Culpa da digestão que nosso organismo faz hahaha
E você tá muito bukowski ou esses autores lixo que viviam podres no meio fio ou fodidos na calada da noite bebendo uma dose forte de qualquer coisa, maços e mais maços de cigarro e uma caneta escrota sobre um papel molhado pela bebida onde você tenta esconder as maiores perspicácias da mente.
Me sentindo como se fosse uma poeta da segunda geração do romantismo... "Mal do século, boemia e cheia de vícios" vou começar escrever nos guardanapos engordurados, enquanto ainda bebada retiro os fiapos de frango do meu dente... boca podre, fedendo a cigarro, cachaça, risóles nada fresco do bar... paro, reflito um pouco, e peço um aperitivo de ovos de codorna, e continuo a observar, desejar e escrever... vou fazer isso sexta feira... motor breath, aguarde a minha decadência.
Posso aparecer lá então!? Quero ver isso em uma banqueta ao seu lado, com total sobriedade. Os olhos da curiosidade repousam sobre a personificação da decadência. A criatividade ebulindo com os teus sentimentos de ruína.
Eu negaria os pedaços de frango, mas aprecio umas doses de bebida enquanto reclamo do cheiro forte de cigarro que fica impregnado por entre os dedos e na malha barata da camiseta.
O atendente com um olhar não muito amigável serve mais uma dose de bebida naquele copo enquanto a boca da garrafa começa a ficar mergulhada e refratada dentro da textura grossa daquela dose forte que não sabemos se é vodca, cachaça ou o mais puro álcool.
Não importa, cada gole, cada dose e cada palavra são formas de suportar algo muito maior, mais forte e mais pesado do que as presenças no bar ou a ressaca de um dia seguinte.
E, quando voce sentar do meu lado, vou fazer questao que beba... e fique tao bebado quanto eu pra que desenvolvamos a sintonia da alegria forçada... começaremos a rir alto, falar alto e chamar atençao de todos que estiverem dentro daquele lugar... lamberei meus dedos, acenderei um cigarro, escreverei o começo e compartilharei com voce aquele papel imundo, com palavras imundas... Será a sua vez de escrever, o que lhe vier a mente... raivas, ódios, medos, alegrias, surpresas, até obviedades... e quando toda a criatividade se esgotar, ou se alguem interromper e interferir na nossa jogatina poética, lançaremos aquele papel no lixo, e voltaremos a conversar sobre as futilidades da vida, essas que a gente perde parte da vida correndo atras, se humilhando e sendo escravo... Te oferecerei um cigarro, e mesmo voce reclamando do cheiro insuportavel que fica entre os dedos, e da falta de ar que esse veneno te causa, voce vai aceitar... Observaremos a fumaça e os monstros que ela forma, provavelmente será tarde, te darei um longo abraço, e pegarei carona com um desconhecido.
Enquanto eu tomo o primeiro gole e você começa a chamar a atenção, eu acabo por te repreender, meio puto, gosto da discrição e sob a desculpa de ser teu amigo ambos não ficamos chateados com isso. A alegria não parece mais forçada depois de muito álcool.
Por causa de onde estou não conseguirei pensar muito e as únicas anotações que farei no papel serão sobre o local, alguma lembrança, um desgosto e uma raiva retida em torno do meu pai. Após você jogar o papel fora, eu, em segredo vou apanhar ele de novo, com um certo desdém pois ele já está recoberto de cinzas de cigarro, gordura e um pouco do pó que havia no chão. Você olhará para o relógio e dirá que está na hora de partir. Um pouco tomado pelo sono e da bebida eu concordo. Depois de um abraço seu, você pega carona com um desconhecido. Antes de você sair eu te falo para da próxima vez procurarmos um local com mais classe. Uma espelunca com classe. Você vai retrucar dizendo que espeluncas não precisam de classe, eu provavelmente diga que elas tem, mas a gente não nota. Você discorda novamente e ficamos por isso mesmo, a discussão não tem fundamento e levaria a lugar nenhum. Te peço mais um cigarro para acompanhar a volta para casa. Enquanto fumo ele e caminho por entre as acidentadas calçadas e nas pequenas poças que se formaram entre as pedras quebradas e o concreto sujo.Chafurdei nas minhas próprias ideias e notei que elas se tornaram meu maior vicio. As ideias e as palavras me são viciantes. Volto a mim e me dou conta da preocupação em torno da carona que você pegou, mas você é bem grandinha e supostamente deve saber o que faz.Durante o trecho até minha casa vejo algumas putas nas esquina fumando uma pedra de crack, já é fim de noite e a clientela já deve estar em casa para voltar a mais um dia de trabalho, em seus escritórios, cuidado de algum filho, vendendo algum titulo, arquitetando algum projeto. Passo apressado perto delas e evito a troca de olhares. Apalpo os bolsos em busca dos meus pertences; celular, carteira e chaves. Tudo aqui. Tiro as chave e brinco um pouco com elas e com o chaveiro, faço do último um anel no dedo indicador e fico girando-o como se eu tivesse grandes habilidades e me sinto o máximo por isso.
Sempre soube que você adora estar escondido entre a multidão, e que chamar atenção nao faz o seu tipo... Mas há certos momentos na vida de uma mulher, que ela precisa disso... Ser vista e desejada... Ainda mais quando os anos vão passando e seu corpo está com a gordura acumulada de todos os anos, desde que nasceu... Principalmente quando surge aquelas princesinhas mais bonitas que você ja foi um dia... Se chama atenção pelo riso, pelo olhar, pela inteligencia, até mesmo por gargalhadas forçadas... No fundo, sei que faz parte do seu ciuminho 'paternal', dou uma risada interna aprovando a sua repreendida, abaixo o volume da minha vitrola... Observando sempre, aquele rapaz do canto direito, bebendo sua cerveja e esperando a próxima vítima... Nada sei, a respeito do seu pai, você é tao timido e guarda tantos segredos... Não que voce queira fazer o tipo misterioso, mas eu sinto a sua dor, de alguma forma... Eu nao forço, mas começo a imaginar os seus traumas... Imaginar você pequeno, aprendendo a falar, subindo na árvore, a sua primeira descoberta feminina, escondidos em algum comodo da casa de algum parente, provavelmente com alguma prima... Ah, infância... como passamos situações tão semelhantes... paro, e lembro me da minha... Quantos homens já chamei de pai... Paro, e sei que devo parar de pensar sobre isso... Mesmo sabendo que isso é irrelevante na minha vida de hoje, eu sei que o inconsciente não perdoa... Contos de família em uma pocilga de bar?! Tenha dó... Quando percebo, bendita visão periférica, o rapaz que citei, estava me olhando... retribuo o olhar e sem querer faço um sorriso de cachorra... Definitivamente nao sei só trocar olhares... o sorriso cretino é intrínseco nas minhas paqueradas... Me dou conta que ele gostou, observo em cima do balcão... Uma chave e um capacete... Possibilidade de conseguir carona... me animo e tomo mais um gole daquela dose nervosa... olho pra você, e você ainda esta escrevendo... Nao escreveu muito, até porque tudo isso aconteceu em menos de um minuto...
Como o previsto, o rapaz nao se aguenta.
Sou uma das únicas mulheres solteiras e disponíveis no bar, pergunta meu nome, e começamos a conversar... aquele papo bem ridículo, mesclado com a timidez, vergonha e tudo que repreende a nossa fera interior... você já está sacudo, começa a me olhar torto, tento te incluir de todas as formas na nossa conversa... Voce nao aceita, porque nao é burro... Não tem mais idade pra perder tempo com esses papos sem sentido, e completamente desnecessários... voce e eu sabemos qual é o objetivo dele... Conversar e escrever poesia certamente que nao é... Peço licença pro rapaz, ambos olhamos o relógio... te dou o cigarro e um abraço... você segue apé... e eu ganhei uma carona de um completo desconhecido... Fico pensando na loucura que pode parecer... sorrio, e fico feliz por ser louca... Fico feliz por nao ter medo, e confiar nas pessoas intuitivamente... Ele me convida pra ir ao motel, eu já estou muito bebada, e mando me deixar em casa. Quando me dou conta, eu estou em casa, e com ele... Dou alguns beijos pra valer a noite, e, quando sinto que os hormonios começam a esquentar viro pro canto e durmo... Sou egoista e louca... E adoro.
Uma unica coisa, me arrependo da noite, você foi com a intenção de ficar sóbrio e observar a minha decadência... Infelizmente ela tomou conta de voce também... nao sei se é a energia do ambiente, ou se no fundo você também estava precisando disso... pego o telefone pra re ligar, mas tenho certeza que você ainda está dormindo... Nao quero te incomodar... O equilíbrio é algo tão ingrato... voce pode morrer com suas fórmulas de reforma intima, seus segredos de como manter-se lúcido, tomar seus chás de camomila e todos os anti depressivos que você consiga receita... mas quando a vida resolve te derrubar, amigo... prepare-se ou aproveite... percebo que o rapaz foi embora... Nem pude agradecer a carona...
Texto feito em conjunto com Lucas Erichsen
É uma lógica muito boa e faz bastante sentido. Mas para você ver como a gente que fode. Culpa da digestão que nosso organismo faz hahaha
E você tá muito bukowski ou esses autores lixo que viviam podres no meio fio ou fodidos na calada da noite bebendo uma dose forte de qualquer coisa, maços e mais maços de cigarro e uma caneta escrota sobre um papel molhado pela bebida onde você tenta esconder as maiores perspicácias da mente.
Me sentindo como se fosse uma poeta da segunda geração do romantismo... "Mal do século, boemia e cheia de vícios" vou começar escrever nos guardanapos engordurados, enquanto ainda bebada retiro os fiapos de frango do meu dente... boca podre, fedendo a cigarro, cachaça, risóles nada fresco do bar... paro, reflito um pouco, e peço um aperitivo de ovos de codorna, e continuo a observar, desejar e escrever... vou fazer isso sexta feira... motor breath, aguarde a minha decadência.
Posso aparecer lá então!? Quero ver isso em uma banqueta ao seu lado, com total sobriedade. Os olhos da curiosidade repousam sobre a personificação da decadência. A criatividade ebulindo com os teus sentimentos de ruína.
Eu negaria os pedaços de frango, mas aprecio umas doses de bebida enquanto reclamo do cheiro forte de cigarro que fica impregnado por entre os dedos e na malha barata da camiseta.
O atendente com um olhar não muito amigável serve mais uma dose de bebida naquele copo enquanto a boca da garrafa começa a ficar mergulhada e refratada dentro da textura grossa daquela dose forte que não sabemos se é vodca, cachaça ou o mais puro álcool.
Não importa, cada gole, cada dose e cada palavra são formas de suportar algo muito maior, mais forte e mais pesado do que as presenças no bar ou a ressaca de um dia seguinte.
E, quando voce sentar do meu lado, vou fazer questao que beba... e fique tao bebado quanto eu pra que desenvolvamos a sintonia da alegria forçada... começaremos a rir alto, falar alto e chamar atençao de todos que estiverem dentro daquele lugar... lamberei meus dedos, acenderei um cigarro, escreverei o começo e compartilharei com voce aquele papel imundo, com palavras imundas... Será a sua vez de escrever, o que lhe vier a mente... raivas, ódios, medos, alegrias, surpresas, até obviedades... e quando toda a criatividade se esgotar, ou se alguem interromper e interferir na nossa jogatina poética, lançaremos aquele papel no lixo, e voltaremos a conversar sobre as futilidades da vida, essas que a gente perde parte da vida correndo atras, se humilhando e sendo escravo... Te oferecerei um cigarro, e mesmo voce reclamando do cheiro insuportavel que fica entre os dedos, e da falta de ar que esse veneno te causa, voce vai aceitar... Observaremos a fumaça e os monstros que ela forma, provavelmente será tarde, te darei um longo abraço, e pegarei carona com um desconhecido.
Enquanto eu tomo o primeiro gole e você começa a chamar a atenção, eu acabo por te repreender, meio puto, gosto da discrição e sob a desculpa de ser teu amigo ambos não ficamos chateados com isso. A alegria não parece mais forçada depois de muito álcool.
Por causa de onde estou não conseguirei pensar muito e as únicas anotações que farei no papel serão sobre o local, alguma lembrança, um desgosto e uma raiva retida em torno do meu pai. Após você jogar o papel fora, eu, em segredo vou apanhar ele de novo, com um certo desdém pois ele já está recoberto de cinzas de cigarro, gordura e um pouco do pó que havia no chão. Você olhará para o relógio e dirá que está na hora de partir. Um pouco tomado pelo sono e da bebida eu concordo. Depois de um abraço seu, você pega carona com um desconhecido. Antes de você sair eu te falo para da próxima vez procurarmos um local com mais classe. Uma espelunca com classe. Você vai retrucar dizendo que espeluncas não precisam de classe, eu provavelmente diga que elas tem, mas a gente não nota. Você discorda novamente e ficamos por isso mesmo, a discussão não tem fundamento e levaria a lugar nenhum. Te peço mais um cigarro para acompanhar a volta para casa. Enquanto fumo ele e caminho por entre as acidentadas calçadas e nas pequenas poças que se formaram entre as pedras quebradas e o concreto sujo.Chafurdei nas minhas próprias ideias e notei que elas se tornaram meu maior vicio. As ideias e as palavras me são viciantes. Volto a mim e me dou conta da preocupação em torno da carona que você pegou, mas você é bem grandinha e supostamente deve saber o que faz.Durante o trecho até minha casa vejo algumas putas nas esquina fumando uma pedra de crack, já é fim de noite e a clientela já deve estar em casa para voltar a mais um dia de trabalho, em seus escritórios, cuidado de algum filho, vendendo algum titulo, arquitetando algum projeto. Passo apressado perto delas e evito a troca de olhares. Apalpo os bolsos em busca dos meus pertences; celular, carteira e chaves. Tudo aqui. Tiro as chave e brinco um pouco com elas e com o chaveiro, faço do último um anel no dedo indicador e fico girando-o como se eu tivesse grandes habilidades e me sinto o máximo por isso.
Sempre soube que você adora estar escondido entre a multidão, e que chamar atenção nao faz o seu tipo... Mas há certos momentos na vida de uma mulher, que ela precisa disso... Ser vista e desejada... Ainda mais quando os anos vão passando e seu corpo está com a gordura acumulada de todos os anos, desde que nasceu... Principalmente quando surge aquelas princesinhas mais bonitas que você ja foi um dia... Se chama atenção pelo riso, pelo olhar, pela inteligencia, até mesmo por gargalhadas forçadas... No fundo, sei que faz parte do seu ciuminho 'paternal', dou uma risada interna aprovando a sua repreendida, abaixo o volume da minha vitrola... Observando sempre, aquele rapaz do canto direito, bebendo sua cerveja e esperando a próxima vítima... Nada sei, a respeito do seu pai, você é tao timido e guarda tantos segredos... Não que voce queira fazer o tipo misterioso, mas eu sinto a sua dor, de alguma forma... Eu nao forço, mas começo a imaginar os seus traumas... Imaginar você pequeno, aprendendo a falar, subindo na árvore, a sua primeira descoberta feminina, escondidos em algum comodo da casa de algum parente, provavelmente com alguma prima... Ah, infância... como passamos situações tão semelhantes... paro, e lembro me da minha... Quantos homens já chamei de pai... Paro, e sei que devo parar de pensar sobre isso... Mesmo sabendo que isso é irrelevante na minha vida de hoje, eu sei que o inconsciente não perdoa... Contos de família em uma pocilga de bar?! Tenha dó... Quando percebo, bendita visão periférica, o rapaz que citei, estava me olhando... retribuo o olhar e sem querer faço um sorriso de cachorra... Definitivamente nao sei só trocar olhares... o sorriso cretino é intrínseco nas minhas paqueradas... Me dou conta que ele gostou, observo em cima do balcão... Uma chave e um capacete... Possibilidade de conseguir carona... me animo e tomo mais um gole daquela dose nervosa... olho pra você, e você ainda esta escrevendo... Nao escreveu muito, até porque tudo isso aconteceu em menos de um minuto...
Como o previsto, o rapaz nao se aguenta.
Sou uma das únicas mulheres solteiras e disponíveis no bar, pergunta meu nome, e começamos a conversar... aquele papo bem ridículo, mesclado com a timidez, vergonha e tudo que repreende a nossa fera interior... você já está sacudo, começa a me olhar torto, tento te incluir de todas as formas na nossa conversa... Voce nao aceita, porque nao é burro... Não tem mais idade pra perder tempo com esses papos sem sentido, e completamente desnecessários... voce e eu sabemos qual é o objetivo dele... Conversar e escrever poesia certamente que nao é... Peço licença pro rapaz, ambos olhamos o relógio... te dou o cigarro e um abraço... você segue apé... e eu ganhei uma carona de um completo desconhecido... Fico pensando na loucura que pode parecer... sorrio, e fico feliz por ser louca... Fico feliz por nao ter medo, e confiar nas pessoas intuitivamente... Ele me convida pra ir ao motel, eu já estou muito bebada, e mando me deixar em casa. Quando me dou conta, eu estou em casa, e com ele... Dou alguns beijos pra valer a noite, e, quando sinto que os hormonios começam a esquentar viro pro canto e durmo... Sou egoista e louca... E adoro.
Uma unica coisa, me arrependo da noite, você foi com a intenção de ficar sóbrio e observar a minha decadência... Infelizmente ela tomou conta de voce também... nao sei se é a energia do ambiente, ou se no fundo você também estava precisando disso... pego o telefone pra re ligar, mas tenho certeza que você ainda está dormindo... Nao quero te incomodar... O equilíbrio é algo tão ingrato... voce pode morrer com suas fórmulas de reforma intima, seus segredos de como manter-se lúcido, tomar seus chás de camomila e todos os anti depressivos que você consiga receita... mas quando a vida resolve te derrubar, amigo... prepare-se ou aproveite... percebo que o rapaz foi embora... Nem pude agradecer a carona...
Texto feito em conjunto com Lucas Erichsen
http://www.saircaminhar.blogspot.com
O viajante
"Quem chegou, ainda que apenas em certa medida, à liberdade da razão, não pode sentir-se sobre a Terra senão como andarilho — embora não como viajante em direção a um alvo último: pois este não há. Mas bem que ele quer ver e ter os olhos abertos para tudo o que propriamente se passa no mundo; por isso não pode prender seu coração com demasiada firmeza a nada de singular; tem de haver nele próprio algo de errante, que encontra sua alegria na mudança e na transitoriedade.
Sem dúvida sobrevêm a um tal homem noites más, em que ele está cansado e encontra fechada a porta da cidade que deveria oferecer-lhe pousada; talvez, além disso, como no Oriente, o deserto chegue até a porta, os animais de presa uivem ora mais longe ora mais perto, um vento mais forte se levante, ladrões lhe levem embora seus animais de tiro. E então que cai para ele a noite pavorosa, como um segundo deserto sobre o deserto, e seu coração se cansa da andança. Se então surge para ele o sol da manhã, incandescente como uma divindade da ira, se a cidade se abre, ele vê nos rostos dos quais aqui moram, talvez ainda mais deserto, sujeira, engano, insegurança, do que fora das portas — e o dia é quase pior que a noite.
Bem pode ser que isso aconteça às vezes ao andarilho; mas então vêm, como recompensa, as deliciosas manhãs de outras regiões e dias, em que já no alvorecer da luz ele vê, na névoa da montanha, os enxames de musas passarem dançando perto de si, em que mais tarde, quando ele, tranqüilo, no equilíbrio da alma de antes do meio-dia, passeia entre árvores, lhe são atiradas de suas frondes e dos recessos da folhagem somente coisas boas e claras, os presentes de todos aqueles espíritos livres, que na montanha, floresta e solidão estão em casa e que, iguais a ele, em sua maneira ora gaiata ora meditativa, são andarilhos e filósofos. Nascidos dos segredos da manhã, meditam sobre como pode o dia, entre a décima e a décima segunda badalada, ter um rosto tão puro, translúcido, transfiguradamente sereno: — buscam a filosofia de antes do meio-dia (da manhã)."
Sem dúvida sobrevêm a um tal homem noites más, em que ele está cansado e encontra fechada a porta da cidade que deveria oferecer-lhe pousada; talvez, além disso, como no Oriente, o deserto chegue até a porta, os animais de presa uivem ora mais longe ora mais perto, um vento mais forte se levante, ladrões lhe levem embora seus animais de tiro. E então que cai para ele a noite pavorosa, como um segundo deserto sobre o deserto, e seu coração se cansa da andança. Se então surge para ele o sol da manhã, incandescente como uma divindade da ira, se a cidade se abre, ele vê nos rostos dos quais aqui moram, talvez ainda mais deserto, sujeira, engano, insegurança, do que fora das portas — e o dia é quase pior que a noite.
Bem pode ser que isso aconteça às vezes ao andarilho; mas então vêm, como recompensa, as deliciosas manhãs de outras regiões e dias, em que já no alvorecer da luz ele vê, na névoa da montanha, os enxames de musas passarem dançando perto de si, em que mais tarde, quando ele, tranqüilo, no equilíbrio da alma de antes do meio-dia, passeia entre árvores, lhe são atiradas de suas frondes e dos recessos da folhagem somente coisas boas e claras, os presentes de todos aqueles espíritos livres, que na montanha, floresta e solidão estão em casa e que, iguais a ele, em sua maneira ora gaiata ora meditativa, são andarilhos e filósofos. Nascidos dos segredos da manhã, meditam sobre como pode o dia, entre a décima e a décima segunda badalada, ter um rosto tão puro, translúcido, transfiguradamente sereno: — buscam a filosofia de antes do meio-dia (da manhã)."
Tormentos Inesperados
... e pareceu-me ser uma pessoa bem resolvida, robusta, de personalidade edificada... Muito mais que em plena sanidade mental -sem exagerar- a lucidez personificada...
Mas quando percebi, estava dentro de um tornado, no meio do mar furioso, próximo a uma ilha vulcânica em plena atividade tectônica.
Emoções, medos, traumas, fobias, obsessões, sentimentos e até mesmo um resquício de uma razão extremista... toda aquela inquietude esperando uma resposta, esperando uma ajuda, quem sabe o veneno, ou o alimento para todas aquelas feras do instinto aflorado.
Só então compreendi que quanto menos uma pessoa aparenta ser equilibrada, mais ela é... e que muitos olhos e muitos sorrisos mentem.
O problema está sempre no calar, e na calada da noite...
O problema está sempre no falar, e no falar de mais...
Então... quando os olhos se fecham e o estado do sono atinge o grau máximo da inconsciência
Só Deus e os anjos é quem sabem
E eu, em toda minha pequenez de vivência, roubei da vida uma sabedoria que
sempre me aparece como um cartaz de cinema:
"mentes perigosas mentem,
mentes perigosas são instáveis..."
Paro, inspiro
ironicamente penso
Ah, a instabilidade..
Mas quando percebi, estava dentro de um tornado, no meio do mar furioso, próximo a uma ilha vulcânica em plena atividade tectônica.
Emoções, medos, traumas, fobias, obsessões, sentimentos e até mesmo um resquício de uma razão extremista... toda aquela inquietude esperando uma resposta, esperando uma ajuda, quem sabe o veneno, ou o alimento para todas aquelas feras do instinto aflorado.
Só então compreendi que quanto menos uma pessoa aparenta ser equilibrada, mais ela é... e que muitos olhos e muitos sorrisos mentem.
O problema está sempre no calar, e na calada da noite...
O problema está sempre no falar, e no falar de mais...
Então... quando os olhos se fecham e o estado do sono atinge o grau máximo da inconsciência
Só Deus e os anjos é quem sabem
E eu, em toda minha pequenez de vivência, roubei da vida uma sabedoria que
sempre me aparece como um cartaz de cinema:
"mentes perigosas mentem,
mentes perigosas são instáveis..."
Paro, inspiro
ironicamente penso
Ah, a instabilidade..
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